terça-feira, 15 de abril de 2008

Atlético anuncia que cobrará por transmissão via rádio


O mundo esportivo paranaense foi surpreendido com o anúncio do Clube Atlético Paranaense, sobre a cobrança de uma taxa para a cobertura do campeonato brasileiro por rádio.

Após a divulgação da nota pelo site oficial, houve diversas mensagens de repúdio contra a decisão do clube.

Tentarei analisar a medida, e os motivos que levaram a decisão do Atlético da cobrança.

O Atlético, é o clube brasileiro que está na vanguarda do marketing esportivo no Brasil.

Ele investiu num estádio diferente de todos os outros no Brasil, foi ousado ao trocar o escudo do clube, divulgar slogans de campanhas na TV e rádio, fazer parcerias com times internacionais, brigar por mais verba de TV no campeonato paranaense, cobrar um valor mais alto de ingresso, entre outras ações.

Como tudo que é de vanguarda, algumas ações causam estranheza no torcedor, que em sua maioria, não entende os conceitos aplicados pelo Atlético, muitos baseados na realidade européia.

Quem está certo? O torcedor que sonha com ingressos baratos, time com qualidade, bandeira e bateria nas arquibancadas, transmissão em tv aberta entre outros. Ou o clube que tenta de todas as formas marjorar seus ganhos, tentando formar uma nova classe de torcedores, com uma renda maior, que busquem o espetáculo, que comprem camisas oficiais, presentes oficiais, que comprem pay-per-view, que comam um lanche nas lanchonetes da Baixada, que pronunciem Kyocera Arena, ao invés de Baixada, que não joguem copos nos jogadores.

O Atlético com a ação que tomou mostra mais uma vez que não sabe como fazer essa mudança de pensamento. Tentar impor cultura, exige, proíbe. Isso causa resistência por parte dos envolvidos, prejudicando muitos projetos, que em sua essência até fazem sentido.

A Kyocera apostou nos "naming rights", porém o retorno da investida se mostrou muito pequeno. A Globo, principal transmissora de eventos de futebol do país, tem por princípio, não citar nomes de empresas envolvidas. Nem quando o nome do time é uma empresa eles anunciam, imagine quando é apenas o nome oficial do estádio. Assim essa prática no Brasil se torna um pouco falha.

A cobrança das rádios foi feita na mesma linha de imposição, sem nenhum diálogo. Não basta ter uma equipe de marketing que faça estudos dos faturamentos que as rádios tem com publicidade em transmissões de futebol. Falta alguns outros cálculos. Por exemplo. Se o Atlético cobra R$ 15 mil por jogo. Quanto vale o jogo do Flamengo, e do Corinthians. Se formos tomar como base as verbas de televisão do Campeonato Brasileiro, pelo menos 4 vezes mais. Se botarmos que todos os clubes devam receber, vamos chegar a cifras milionárias, pois o valor chegaria a quase R$ 1 milhão para uma rádio transmitir os jogos do Atlético.

Há ainda o quesito jurídico, que o Atlético, com a sua imposição terá que enfrentar.

Como disse um colunista do site da torcida, o Atlético está se tornando o time mais antipático do Brasil. Que marketing é esse?

Um comentário:

Dido disse...

A visão de marketing dos clubes brasileiros precisa de uma reformulação total para viabilizar as vendas de produtos oficiais dos clubes para os torcedores. É um processo demorado e que necessita de muitos diálogos entre clubes, uma liga profissional de futebol (que não a cbf) e outras áreas de interesse.