quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dinheiro da televisão

O assunto está ainda muito quente. Corinthians e os quatro grandes do Rio, formalizaram que não negociarão os direitos televisivos com o clube dos 13, para o triênio 2012-2014. Apesar do recuo dos grandes do Rio e do Coritiba, ainda há um sério risco de divisão no grupo de negociação.

Dia 25, a Globo anunciou que não participará da disputa via clube dos 13. Negociará diretamente com os clubes.

Para analisar a questão, primeiramente temos que analisar a legislação. O direito de arena diz que, para uma transmissão televisiva, é necessário que os dois clubes envolvidos estejam de acordo com a transmissão. Isso está muito bem explicado no blog do Erich Beting: http://bit.ly/fBSqjq

Hoje o Clube dos 13 negocia, representando as entidades, junto às emissoras abertas e fechadas sobre os valores. Acertado, o acordo vale para todos os participantes. Clubes que jogam a primeira divisão, porém não participam do Clube dos 13, recebem um valor consideravelmente menor.

Esta estabilidade está durando desde o final da década de 90. Naquela época, na tv fechada, havia uma divisão de transmissão. Membros do Clube dos 13 tinham suas partidas transmitidas pelo Sportv e outros times a transmissão era pela ESPN Brasil.

O que Corinthians e os times do Rio fizeram é novo? Analisando as ligas européias e americanas o fato já ocorreu.

Na Itália até o ano de 2006, as negociações eram feitas individualmente por cada clube. Resultado: Milan, Juventus, Inter, Roma e Lazio ganhavam uma quantia consideravelmente maior que os times médios e pequenos. Porém em novembro de 2007 o governo interviu, e a partir de 2010 a negociação é coletiva com as emissoras interessadas. A distribuição é parecida com a liga inglesa.

Divisão na Inglaterra

As receitas domésticas são divididas:

50% divididas igualmente entre os integrantes da Premier League;
25% baseado na classificação do ano anterior;
25% baseado em quão frequente há transmissão de jogos do clube e aparições na TV.

O clube que recebeu mais, Manchester United com 51,1 MM de libras, recebeu 65% mais do que o clube que recebeu menos.

Em comparação com o campeonato espanhol que o Barcelona e Real Madrid chegam a ganhar 1200% mais do que os que menos ganham.

No velho continente, a história provou que negociações coletivas são forçadas, buscando uma certa competividade.

Em casos de negociações individuais, como na Espanha e Portugal e como era feita na Itália, os grandes clubes ficam com uma grande fatia do bolo, deixando pouco para os menores.

O dinheiro da TV é uma grande parte da receita da maioria dos clubes brasileiros. Corinthians e Flamengo estão buscando naturalmente se valorizar, e o caminho buscado e da individualização das negociações. Isto certamente acarretará em um aumento dos valores dados a estes clubes, porém o que será do restante? Certamente o dinheiro é finito e se haver aumento de ganhos para estes clubes, haverá redução para os outros.

Os grandes clubes do país tem a maior audiência, e com isso conseguem os maiores patrocínios, receitas de sócios, receitas de bilheteria e merchandising. Se houver uma disparidade muito grande também no dinheiro da televisão, a tendência que este abismo seja maior ainda, afetando a disputa do campeonato.

Há muitas críticas contra o sistema do campeonato de pontos corridos, pois afirmam que torna o campeonato "chato", porém o que tornará o campeonato pouco competitivo será uma grande diferença nas receitas dos clubes.

Para os clubes pequenos a negociação em bloco é o melhor caminho, pois se conseguirem pelo menos 12 equipes, ganham no poder de negociação. Para a estratégia corinthiana dar certo é mais do que necessário a divisão completa.

Em 2004 houve ameaças semelhantes que não foram concretizadas. Só resta esperar os próximos passos.